Efeitos do tarifaço: secretário rebate dados da CNI sobre impacto bilionário no Amazonas
De acordo com ele, a maior parte da produção do Polo é destinada ao mercado interno brasileiro

O secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedecti), Serafim Corrêa, rebateu nesta quarta-feira (30/07) o levantamento divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) que aponta um possível prejuízo de R\$ 1,1 bilhão ao Produto Interno Bruto (PIB) do Amazonas, em razão do novo tarifaço anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A medida prevê aumento de 50% nas tarifas de importação de diversos produtos brasileiros a partir de 1º de agosto.
Segundo o estudo da CNI, o Amazonas seria o sexto estado mais afetado pela medida, devido à forte dependência do Polo Industrial de Manaus (PIM) das exportações para o mercado norte-americano. Em 2024, cerca de 96,1% dos produtos exportados para os EUA vieram da indústria de transformação amazonense. Entre os principais itens estão equipamentos de transporte (US\$ 28 milhões), derivados de petróleo e biocombustíveis (US\$ 25 milhões), e máquinas e equipamentos (US\$ 24,4 milhões).
Apesar do Amazonas não figurar entre os estados com maior volume de exportações, o órgão afirma que a concentração das vendas em bens industrializados pode amplificar os efeitos da medida, com reflexos sobre empregos e arrecadação.
A Sedecti, no entanto, contesta os dados. Serafim Corrêa afirma que os impactos estimados são “exagerados” e defende que o efeito do tarifaço na economia local será mínimo. Segundo ele, a Zona Franca de Manaus exporta apenas 1,5% de seu faturamento, e menos de 10% dessas exportações têm os EUA como destino, o que representa apenas 0,15% do total.
“Trata-se de um impacto marginal. A maior parte da produção do Polo é destinada ao mercado interno brasileiro, o que mitiga drasticamente qualquer consequência direta dessa medida”, explicou. “Além disso, a balança comercial entre a Zona Franca e os Estados Unidos é amplamente favorável aos americanos. Importamos deles quase 20 vezes mais do que exportamos, o que torna qualquer possível guerra comercial mais desfavorável a eles.”
Outro ponto destacado pela Sedecti é a queda no volume de exportações para os Estados Unidos. Em 2024, o país ocupava a terceira posição entre os principais destinos das vendas externas do Amazonas, com US\$ 99,7 milhões (10,28%). Já em 2025, caiu para o quinto lugar, com US\$ 35,6 milhões (9,02%).
Com base nesses números, o governo estadual reitera que o impacto das novas tarifas sobre a economia local é limitado e que a estimativa da CNI não reflete a realidade do modelo econômico vigente na Zona Franca de Manaus.
Suframa adota cautela
A Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) informou que só irá se manifestar oficialmente após o desfecho das negociações com os EUA. “Estamos acompanhando as tratativas conduzidas pelo ministro Geraldo Alckmin junto às autoridades norte-americanas. Apenas após a conclusão desses acordos é que faremos um posicionamento institucional”, disse o superintendente Bosco Saraiva.
PIB do estado em crescimento
Enquanto isso, os indicadores econômicos do Amazonas mostram crescimento. De acordo com dados da própria Sedecti, o PIB estadual alcançou R\$ 43,7 bilhões no primeiro trimestre de 2025, um crescimento nominal de 9,86% em relação ao mesmo período de 2024. Descontando a inflação, o aumento real foi de 4,16%, refletindo expansão na produção e nos serviços locais.