Vereador Salazar é intimado a depor por morte de jovem em Manaus

Ele é acusado de executar Felipe Kevin com seis tiros na cabeça; caso ocorreu em 2019

O vereador Alexandre Salazar (PL), ex-sargento da Polícia Militar, foi intimado a depor no Tribunal do Júri da Justiça do Amazonas no dia 9 de setembro, em processo no qual responde por homicídio qualificado. Ele é acusado de matar o jovem Felipe Kevin de Oliveira, de 18 anos, com seis tiros na cabeça, em 24 de junho de 2019, no bairro Colônia Santo Antônio, zona norte de Manaus.

Salazar foi o vereador mais votado nas eleições de 2020, com 22.594 votos, e teve a denúncia apresentada uma semana após o pleito. Segundo o inquérito da Polícia Civil e a denúncia do Ministério Público do Amazonas (MPAM), ele teria agido como um “justiceiro”, utilizando força desproporcional mesmo diante da aparente ausência de ameaça por parte da vítima.

Segundo a acusação, Salazar, que estava à paisana, teria derrubado Felipe Kevin da motocicleta e disparado seis vezes contra ele já imobilizado, o que, para o MP, configura uma execução em plena via pública.

Demora para se apresentar

Após o crime, Salazar deixou o local e só se apresentou à polícia um ano depois, em 9 de novembro de 2020, após sua imagem ser divulgada por um portal de notícias. Em depoimento, alegou que aguardava ser convocado oficialmente pela polícia:

“Me apresentei espontaneamente no dia 9 de novembro após ver um vídeo com minha imagem. Eu me recordo dos fatos e estava aguardando a delegacia me chamar para esclarecer o que aconteceu”, consta nos autos do processo.

Divergência no reconhecimento

O caso também apresenta contradições no reconhecimento do autor do crime. A mulher que foi vítima do assalto, supostamente cometido por Felipe Kevin, afirmou que ele não era o autor do roubo. Segundo o depoimento, o assaltante tinha porte físico diferente — seria “mais baixo e mais gordo” — e nenhuma arma foi encontrada com o jovem.

Histórico de investigações

Essa não é a primeira vez que o vereador tem sua conduta questionada. Desde 2009, Salazar foi alvo de 24 investigações, a maioria por abuso de autoridade. Segundo dados do Tribunal de Justiça do Amazonas, 17 já foram encerradas — quatro por prescrição, seis com absolvição e sete arquivadas por falta de provas. Outros sete processos continuam em andamento.

A defesa de Salazar, porém, afirma que somente quatro investigações ainda estão ativas. Em nota à Folha de S. Paulo, o advogado do parlamentar declarou:

“Como ele sempre trabalhou nas ruas, o número de processos não é tão relevante, visto que não há condenação em nenhum deles.”

Outro lado

A equipe de reportagem entrou em contato com a assessoria do vereador para obter um posicionamento oficial sobre a intimação, mas não houve resposta até o fechamento desta edição. Caso haja manifestação, a matéria será atualizada.

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