Ação da Prefeitura apreende carrinhos de ambulantes no Centro e gera revolta
Enquanto prefeitura promove mutirão no Centro para o Passo a Paço, trabalhadores informais denunciam remoção de equipamentos e falta de diálogo

Ambulantes denunciaram, na manhã desta segunda-feira (4), a apreensão de carrinhos utilizados em seu trabalho por parte de servidores da Secretaria Municipal de Agricultura, Abastecimento, Centro e Comércio Informal (Semacc), na rua Miranda Leão, no Centro de Manaus. A ação aconteceu enquanto a Prefeitura de Manaus promove um mutirão de limpeza, infraestrutura e organização no centro histórico da capital, como parte dos preparativos para o evento Passo a Paço 2025.
Segundo os trabalhadores informais, os equipamentos estavam armazenados no chamado “galpão do Bacalhau” e foram levados sem aviso prévio.
“Pai de família está trabalhando, os caras vêm buscar o carro da gente que está na correria… Estão levando todos os carrinhos aqui do depósito do Bacalhau”, desabafou um dos ambulantes em vídeo divulgado nas redes sociais.
Apesar de o prefeito David Almeida (Avante) afirmar que há diálogo com feirantes, camelôs e lojistas sobre o reordenamento da área central, os ambulantes alegam que não foram ouvidos e que a operação afetou diretamente sua principal fonte de renda.
A ação da Semacc também reascende críticas à postura da prefeitura em relação aos trabalhadores informais. Em julho, uma operação semelhante resultou na apreensão de outro carrinho de churrasco, gerando indignação nas redes sociais.
Além disso, a gestão municipal vem sendo cobrada por priorizar gastos milionários com eventos culturais em detrimento de políticas públicas mais estruturais. Internautas reagiram com críticas durante a live de lançamento do Passo a Paço, destacando a falta de investimentos em áreas como infraestrutura, segurança e serviços públicos.
Entre os dias 9 e 22 de julho, mais de R$ 83 milhões em contratos e aditivos foram publicados no Diário Oficial do Município, destinados à locação de estruturas e serviços para eventos, incluindo R$ 7,4 milhões para tablados e R$ 6,2 milhões para sonorização.
Embora o prefeito afirme que quase 80% dos custos serão cobertos por patrocínios, parte da população questiona a transparência e a prioridade nos investimentos, sobretudo diante das dificuldades enfrentadas por quem vive do trabalho informal.