“Enterrei dois caixões por culpa de um buraco”, diz viúvo de grávida morta em acidente na Djalma Batista
Homem esteve na CMM para cobrar justiça pela mulher e filha, vítimas de um acidente de trânsito

O desabafo do viúvo da biomédica Giovana Ribeiro da Silva, de 29 anos, foi marcado por emoção na Câmara Municipal de Manaus nesta quarta-feira (6). Aos prantos, ele relatou a dor de perder a esposa e a filha ainda não nascida, vítimas de um acidente causado por um buraco na avenida Djalma Batista, uma das principais vias da cidade. A declaração foi dada a jornalistas após o homem não conseguir subir em plenário.
Apesar do clamor e demanda, os vereadores, principalmente os de base aliada ao prefeito David Almeida (Avante), votaram e finalizar a sessão no pequeno expediente. Eles alegaram que outras reuniões estavam programadas para acontecer na Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCRJ).
Giovana estava grávida de sete meses quando, no dia 22 de junho, a moto em que estava com o marido atingiu uma cratera na pista. Os dois foram arremessados. Ela não resistiu. A filha do casal, que se chamaria Maria Carolina, também morreu.
“Enterrei dois caixões por culpa de um buraco”, disse o homem, ainda em recuperação de fraturas nas pernas. “A minha filha nunca vai vestir as roupinhas que a mãe passou e guardou com tanto amor. A primeira vez que ela chorou… foi de dor. De morte. E ninguém fez nada.”
O discurso denunciou o abandono da infraestrutura de vias públicas de grande circulação e a ausência de respostas do poder público diante da tragédia. Segundo ele, até mesmo a forma como foi tratado na Câmara agravou seu sofrimento.
“Quando a gente vem aqui pedir socorro, eles apagam as luzes e vão embora. Ninguém se colocou no meu lugar. O silêncio das autoridades, a falta de empatia… tudo isso mata a gente um pouco mais todo dia.”
Giovana e Maria Carolina foram sepultadas juntas. A morte das duas provocou comoção em Manaus e acendeu novamente o debate sobre a responsabilidade do poder público na conservação das ruas e na prevenção de acidentes.
“A Giovana está morta, mas nós estamos aqui para dar voz a ela. Porque o que matou minha esposa e minha filha foi a negligência. E isso não pode mais continuar acontecendo.”