Repressão não resolve garimpo ilegal no Amazonas, dispara Wilson Lima
Fala acontece uma semana após municípios do interior terem sido alvo de operações da PF

O governador do Amazonas, Wilson Lima (UB), afirmou nesta quarta-feira (24) que apenas a repressão não é suficiente para resolver o problema do garimpo ilegal no Estado. Para ele, a solução passa pela regularização fundiária e mineral, além da presença efetiva do poder público nas regiões afetadas.
A declaração foi dada durante a entrega de 36 viaturas e duas lanchas blindadas para a Polícia Militar. Questionado sobre parcerias com a Polícia Federal para conter os conflitos no Sul do Amazonas, o governador ressaltou que operações policiais têm um efeito limitado.
“Pode colocar toda a polícia, pode fazer uma operação por mês que não vai resolver. Depois da repressão, ficam famílias que precisam de cesta básica e auxílio para não passarem fome”, disse Lima.
No último dia 15, em Humaitá, agentes da Força Nacional usaram bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha para dispersar garimpeiros em protesto contra operações no Rio Madeira. A Polícia Federal destruiu 95 embarcações usadas no garimpo ilegal — 71 no Amazonas e 24 em Rondônia.
Segundo Wilson Lima, os conflitos são consequência da ausência do poder público. “Talvez o maior problema da Amazônia seja a regularização fundiária. Não é só com repressão que vamos resolver. Precisamos de coragem para avançar na regularização de terras e da atividade mineral, que sempre foi ignorada pelo governo federal”, completou.
O governador defendeu o diálogo com comunidades ribeirinhas e autoridades para buscar soluções sustentáveis.
Operação Boiúna
Entre os dias 10 e 24 de setembro, a Polícia Federal realizou a Operação Boiúna, que destruiu 277 dragas usadas no garimpo ilegal no Rio Madeira. O material apreendido, incluindo ouro, foi avaliado em R$ 38 milhões. A ação contou com apoio da Força Nacional, PRF, Ministério do Trabalho, Ministério Público do Trabalho e Censipam.