Deputado afirma que organizações criminosas afrontam a ordem democrática em Manaus
Declaração ocorre após ação de organização criminosa no bairro Compensa

Presidente da Comissão de Segurança Pública, Acesso à Justiça e Defesa Social da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), o deputado Comandante Dan (Podemos) se pronunciou, na manhã desta quinta-feira (30/10) sobre a desordem social ocorrida na noite da quarta-feira (29/10), no bairro da Compensa, Zona Oeste de Manaus. As forças de segurança pública enfrentaram manifestações populares violentas, supostamente em represália à morte de membros amazonenses da facção criminosa CV, durante operação policial na cidade do Rio de Janeiro:
“As organizações criminosas são enfrentamentos públicos à ordem democrática, já que elas medem forças com o poder constituído democraticamente pelos cidadãos. Considero a manifestação na Compensa ontem grave, mas previsível. O Amazonas tem indícios de sobra do poder das orcrimes (organizações criminosas) disputando espaço com o poder público e estabelecendo uma governança criminal em várias áreas do Estado”.
O parlamentar repercutiu o estudo “A Amazônia sob ataque – mapeando o crime na maior floresta tropical do mundo”, publicado pela organização jornalística Amazon Underworld no dia 21 de outubro. O documento apresenta Manaus como o epicentro do narcotráfico no Norte da América do Sul, um elo logístico estratégico, conectando a produção da Colômbia, Peru e Bolívia aos mercados internacionais. A calha do Solimões seria a grande hidrovia de entrada da droga no país.
“Não sou cidadão carioca, nem eleito pelo Rio de Janeiro. Eles têm os problemas deles e os nossos aqui não são tão menores assim, muito pelo contrário. Precisamos, ao invés de debater o problema de terceiros, para render dividendos políticos a quem quer que seja, nos debruçarmos nas possíveis soluções aos nossos problemas, que estão aumentando significativamente a governança criminal no Estado, isso sim”, declarou Comandante Dan.
O parlamentar defende veemente a tese do controle das faixas de fronteiras internacionais e de divisas com outros estados brasileiros como forma de contenção do avanço das facções transnacionais:
“Se nada acontecer nesse sentido, ficaremos correndo atrás de bandido de segundo escalão, o que é caro e não dá resultado. Estaremos enxugando gelo. Aqui, uma operação nas áreas mais pobres da cidade não seria efetiva, porque os chefes do crime não estão lá, e sim nas áreas mais privilegiadas da cidade, em grandes condomínios fechados e edifícios de altíssimo padrão. Precisamos barrar o crime na fronteira e precisamos da participação da União para sermos bem sucedidos”.
Desde 2023, o deputado Comandante Dan tem proposto medidas emergências aos governos federal e estadual para o controle da atividade criminal, com foco na ocupação ostensiva e permanente da faixa de fronteira:
“Estive com dois diferentes ministros da Justiça e Segurança Pública, tratando do assunto. Esse é nosso papel, enquanto legisladores, mas tudo depende de uma decisão e uma tomada de atitude do Executivo Estadual”.
Comandante Dan lembrou o episódio acontecido em agosto deste ano, quando a facção criminosa CV realizou uma queima de fogos em todas as zonas de Manaus. O evento foi em comemoração à tomada do comando criminal da comunidade Nossa Senhora de Fátima, Zona Norte de Manaus, onde a orcrime distribuiu cestas básicas aos moradores.
O deputado defende que as ações de monitoramento e controle, de prevenção e repressão devam ser acompanhadas de uma política de defesa social, que estabeleça uma nova ordem social nos locais alvo das ações:
“O cenário vivenciado nos dias de hoje no Rio de Janeiro, não é muito diferente da intervenção ocorrida em 2010, quando da ocupação no Complexo do Alemão como primeira ação para retomada do controle do Estado e pacificação do território fins de se implantar as UPPs, unidades de polícia pacificadora, que falharam porque apenas houve ação de retomada do terreno, mas não o ocuparam com novas perspectivas à população, as políticas públicas voltadas a proteção social tais como educação, saúde, infraestrutura, emprego e renda, entre outras, não foram efetivadas gerando descontinuidade e a falência do programa. No Amazonas não é diferente,” finalizou.
