Enquanto população enfrenta má qualidade da água, prefeitura de Humaitá gasta R$ 650 mil com show de Eduardo Costa
A despesa foi autorizada pela gestão do prefeito Dedei Lobo (União Brasil), menos de um mês após a cidade registrar uma onda de conflitos entre garimpeiros e policiais federais

Enquanto moradores de Humaitá enfrentam denúncias de água imprópria para consumo e outros problemas de infraestrutura, a prefeitura do município vai desembolsar R$ 650 mil para a apresentação do cantor sertanejo Eduardo Costa, durante a 34ª Exposição Agropecuária de Humaitá (Expohuma), marcada para o dia 19 de outubro.
O contrato com a empresa Ecxpetáculo Produções Ltda. foi publicado no Diário Oficial dos Municípios dessa quarta-feira (08/10) e prevê a contratação sem licitação, com vigência de 30 dias após o evento — período que, segundo o documento, seria necessário para preparação, execução e medidas administrativas posteriores.
A despesa foi autorizada pela gestão do prefeito Dedei Lobo (União Brasil), menos de um mês após a cidade registrar uma onda de conflitos entre garimpeiros e policiais federais durante operação contra o garimpo ilegal na região.
A decisão de investir alto em um show nacional ocorre em meio a uma série de problemas que afetam diretamente os moradores. Em julho, o Ministério Público do Amazonas (MPAM) instaurou investigação para apurar denúncias sobre a má qualidade da água distribuída na cidade e a falta de acesso à água potável em alguns bairros.
Além disso, Humaitá ainda tenta se recuperar da tensão gerada após a operação da Polícia Federal, que resultou em tiroteios e protestos de garimpeiros no município conhecido como a “Princesinha do Madeira”.
Eduardo Costa é um dos nomes mais conhecidos do sertanejo nacional, com sucessos como Coração Aberto e Anjo Imortal. O cantor já protagonizou polêmicas envolvendo altos cachês pagos por prefeituras do interior. Em 2023, o Ministério Público da Bahia questionou um contrato de R$ 350 mil firmado com o artista, apontando possível sobrepreço.
Em Humaitá, o valor pago pela apresentação de Costa corresponde a quase o dobro do contrato investigado na Bahia, levantando críticas sobre prioridades na destinação de recursos públicos em meio às dificuldades vividas pela população local.
