Câmara de Borba decide manter no cargo vereadora que defendeu violência contra mulheres
Com seis votos favoráveis, um contrário e uma abstenção, o plenário da Casa rejeitou o parecer que poderia levar à perda do mandato da parlamentar

A Câmara Municipal de Borba (151 km de Manaus) decidiu arquivar o processo de cassação da vereadora Elizabeth Maciel (Republicanos), conhecida como Betinha, que ganhou repercussão nacional após declarar ser “a favor da violência contra a mulher”.
Com seis votos favoráveis, um contrário e uma abstenção, o plenário da Casa rejeitou o parecer que poderia levar à perda do mandato da parlamentar. A decisão garante a Betinha o exercício do cargo durante todo o mandato 2025–2028.
Segundo o relatório da Comissão Processante 001/2025, a representação apresentada contra a vereadora não atendia aos critérios formais exigidos pelo regimento. O texto cita a ausência de comprovação da condição de eleitores dos subscritores da denúncia, o que “configuraria falta de legitimidade ativa”.
Entre os vereadores que votaram pelo arquivamento estão Edilson Batista, Breno Santana, Bio Graça, Louro Nascimento, Pedro Paz e Fábio Coelho — o último, inclusive, foi defendido por Betinha durante o episódio que deu origem à polêmica.
Declaração polêmica e repercussão
O caso ganhou destaque quando, durante uma sessão em setembro, Betinha afirmou que “tem mulher que merece apanhar” e que já teria presenciado casos em que mulheres “se machucam sozinhas para condenar homens”.
A fala ocorreu em meio à defesa do colega Pedro Paz, acusado de agir de forma desrespeitosa com a vereadora Professora Jéssica (DC), que posteriormente apresentou denúncia ao Conselho de Ética.
A repercussão levou a vereadora a divulgar uma nota pública de retratação, em que reconheceu o erro e declarou que “a violência contra a mulher é inaceitável e jamais pode ser justificada”.
A decisão da Câmara, no entanto, reacende o debate sobre como episódios de violência de gênero e discursos misóginos ainda encontram tolerância institucional em espaços de poder local, mesmo diante de avanços legais e sociais no combate à violência contra mulheres.
